Pontos de Leitura
No mundo todo as pessoas leem os textos de forma diferente. Para cada coisa, há um jeito de se ler. Crônicas, por exemplo, lê-se como você lê agora, meu caro leitor. Isso mesmo, de pijama, deitado na cama, ou com o roupão, na sua poltrona, sem nada melhor para fazer. Mas, como se leem as outras coisas?



Pr0gamad0res de U1nd0us devem passar tant0 temp0 mexend0 c0m númer0s c0m0 zer0 e um d0 cód1g0 b1nár10 que, n0 f1m d0 d1a, f1ca tud0 desse je1t0! Haja pac1ênc1a!
Já.queest@mos.f@l@ndo/de/cois@s_como_internet.comput@adores/e/outr@s.m@is/do/tipo_é_deste/modo.que/os/web.designers.lêem/@s/crônicas.do/mundo_re@l.

Áquelis qui, coumou ou meu ámigou Soubeu soun norti-americánous, lêem nesti momentou á minhá crounicá coum esti soutaqui ainglis.
Ôs japônêsês lêem a minha crônica assim, né?

Repórteres adoram ler as manchetes
Os repórteres, após uma árdua pesquisa do Ibope, adoram ler as manchetes ao invés de ler as letrinhas miúdas, porque, afinal, depois de tanto escrever com esta letra de formiga o dia todo, não tem olho que resista ler uma crônica com estes rabiscos em duas colunas!
Como disse o nosso entrevistado, o repórter Saul Nogueira Pereira de Jacatinguedá: “Quando eu leio o jornal, só vejo as manchetes. As letrinhas miúdas acabam comigo!”.
Oz arabez que ze encontram no nozo lindo paíz vêem az nozaz ezcritaz tudo deze jeito azim, com eza voz anazalada que dói de ouvir. E adoram a danza do ventre.
Capitali$ta$ que cuidam de dinheiro o tempo todo, como aquele$ dono$ de banco, já encaram a maioria do$ texto$ com cifra$ no lugar do$ e$$e$. Loucura? Talvez.
O m#l *duc#do * #ssim. # m#iori# d#s su#s fr#s*s j# v*m t#o c*nsur#d#s qu* *l* só * *nt*ndido por outro!!! S* t*m sort*!!!


Uma das coisas mais incríveis da natureza é o eco… co… co… Como que pode algo tão complexo surgir de algo tão simples como uma simples parede… ede… ede… Ou uma rocha… ocha… ocha… Como na lenda… enda… enda… Em que tudo que Narciso falava sobre si, o eco repetia… tia… tia…
O-o-os g-g-ga-ga-gos s-s-são o-o-os q-que m-mais t-têm p-prob-blem-ma p-para l-ler t-textos e-e-em v-v-voz a-alta. V-vocês, c-caros g-g-ga-gagos q-que a-agora m-me l-lêem, e-eu s-sei c-como v-vocês s-s-se s-s-s-sent-t-tem.
A língua presssa também prroblema quando ssse quer ler um tesssto em vosss alta, como muitosss dosss nosssosss políticosss.
Des Ada puf, puf
Cen Esc puf, puf
Do A puf, puf
A Do puf, puf
Esc In puf, puf
Ada e Sub
Estat%st%co até que não tem tanto problema para ler esta crônica. Como está mostrado aqu%, tudo que fazem é substituir algumas porcentagens ocas%ona%s.

Publicitários.
Crônicas.
Não dá pra não ler.
Esse é para aqueles¹ que adoram enfurnar² notas em tudo quanto escrevem³.
________^_-`´^______/´___-
(Letra de médico: ninguém entende)
Nota do autor, outubro de 2020: note que esta crônica foi escrita há 16 anos. Atualmente, teríamos inúmeros outros pontos de leitura que poderíamos descrever. A começar pelas inúmeras linguagem de internet que surgiram neste meio tempo, e a capacidade de escrever por meio de emojis ou figurinhas.
1 – vide 2
2 – vide 3
3 – vide 1

O Dr. David sempre sonhou em ser médico e, especialmente, em cuidar de crianças. Formou-se em medicina pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e, após dois anos trabalhando como médico generalista, onde pôde atuar próximo a famílias pobres e conhecer suas dificuldades e os diversos problemas do sistema de saúde brasileiro, começou a residência em Ortopedia e Traumatologia pelo Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Leia mais