O Golpe da Bela Adormecida
Era uma vez um príncipe, que já estava na idade de se casar (o que naquela época era mais ou menos 15 anos), uma grande preocupação para o rei, que havia sido pai muito velho e agora tinha de garantir que seu filho estaria bem acomodado quando lhe passasse o trono por direito divino.
Príncipe Adrian, era este seu nome, estava lendo as notícias do dia no jornal local, vendo se de repente não haveria algum anúncio de uma princesa bem dotada na idade certa para casar procurando príncipe bonitão, mas, como sempre, não havia, quando chegou um mensageiro do reino, todo esbaforido.
“Meu príncipe e meu rei” disse ele, afobado. “Acabo de voltar de uma viagem de trinta dias pelos confins do reino e ouvi dizer que ao norte uma princesa jaz adormecida à espera do seu príncipe encantado, e que só o beijo do amor verdadeiro poderá fazer com que desperte”.
“Ora, meu filho, esta é a tua oportunidade!” disse o rei.
“Mas, pai, como vou saber se é amor verdadeiro?” respondeu o príncipe.
“Quando a encontrares, meu filho, saberás!”
E, assim, o príncipe se preparou e partiu no dia seguinte, assim que o sol raiou, antes mesmo de receber sua edição matinal do jornal. Seguiu por léguas e mais léguas, dia e noite, acampando ao luar, comendo do que havia trazido de rações ou de caça que conseguia abater. Por fim, encontrou um povoado onde lhe indicaram em que castelo estava aprisionada a bela donzela, à espera de seu amor verdadeiro.
“Mas não penses que vai ser fácil. Dezenas de príncipes já vieram aqui e retornaram de mãos abanando!”
Adrian não estava lá realmente esperançoso, mas, bem, já tinha cavalgado quinze dias, por que não tentar? Assim, ele passou a noite em uma pousada (curiosamente, a “Pousada da Bela Adormecida” – parecia que o fato de ter uma princesa nas redondezas aguardando por seu príncipe encantado era algo que movimentava os negócios), que possuía até mesmo um pacote de cuidados, com direito a banho, limpeza de pele, perfumes, alfaiataria, enfim, tudo o que um jovem príncipe precisaria para chegar bem bonitão ao castelo.
“E nós temos um quadro de apostas, meu príncipe” disse o estalajadeiro. “Por uma moeda de ouro, tua aposta, e, se ganhares, uma carruagem e dois alazões brancos vos levarão de volta ao teu reino”.
Bem, por que não participar? Uma moeda de ouro não lhe representava muito, de qualquer forma. E, assim, limpo e perfumado, no dia seguinte o príncipe cavalgou por mais uma hora até o castelo onde estava a Bela Adormecida.
Comprovando que o povoado local realmente garantia sua rentabilidade da lenda, havia uma equipe de guias turísticos locais e até mesmo uns vendedores ambulantes. E, à sua direita, logo na entrada do castelo, uma máquina de senhas.
“Deste sorte, príncipe! Este horário é mais vazio. Tenta chegar aqui depois do almoço! Se não dermos senha, os príncipes saem se matando por aí!”
O que não devia ser mentira, porque havia um quiosque de organização de funeral alguns metros para trás.
Por uma moeda de cobre o príncipe obteve um mapa com os atrativos locais do castelo, para ele visitar depois de a Bela Adormecida permanecer adormecida apesar do seu beijo, e ele estava realmente pensando que talvez fosse interessante ver os ornamentos do teto de mármore do 27º banheiro real, que diziam ser de uma perfeição inigualável, quando parou diante da porta do quarto. Havia um homem quase dormindo sentado em uma cadeira ao lado da porta, e o príncipe teve de tossir para despertá-lo.
“Nome?”
“Príncipe Adrian” ele se anunciou.
O homem fez uma anotação rebuscada em sua longa lista, que já atingia os vinte metros.
“Boa sorte. Vais precisar”
Todos pareciam realmente muito animadores e positivos, não?
“Ah, e segue as regras do panfleto. Nada de sacudir para acordar. Apenas um beijo. E depois de dois minutos eu entro para me certificar de que tudo está seguindo os conformes” ele falou, virando uma ampulheta.
Ainda pensando sobre as visitações que faria depois e as lembrancinhas que levaria para o pai assim que saísse daquele castelo, o príncipe entrou no quarto da bela princesa e a encontrou deitada delicadamente sobre uma cama, com um dossel ao seu redor, respirando suavemente, os olhos tremendo levemente, como se estivesse sonhando. Era, sem dúvida, a princesa mais bela que já havia visto em toda a sua vida, e não parecia ser muito mais nova do que ele.
Imediatamente, como pareceria inevitável, apaixonou-se pela bela moça. Sentou-se cuidadosamente na cama, sentindo seu delicado perfume, acariciou-lhe os cabelos e, por fim, deu-lhe um beijo suave.
Afastou-se para olhar. É, a moça parecia ainda estar adormecida. Pois bem, hora de fazer valer a visita. Talvez devesse pernoitar no povoado e…
Mas, de repente, a moça abriu os olhos; o príncipe estava tão descrente, que teve de piscar dez vezes, antes de se dar conta de que a moça realmente havia não só aberto os olhos, como se sentado.
“Como é teu nome?” ela perguntou, e o príncipe gastou uns momentos pensando como ela conseguia manter um hálito tão agradável, mesmo depois de ter permanecido dormindo por tanto tempo.
“Príncipe Adrian”.
Ela sorriu.
“Agora serás o meu príncipe” ela respondeu. “Eu sou Ludmila”.
“Muito bem, muito bem, já deu o teu tempo” disse o guarda, entrando no cômodo com um pano na mão e um frasco com um líquido transparente. “Preciso limpar os seus lábios, sabe, questão de saúde pública, antes que o próximo… Ai, meu Deus!”
O homem se jogou no chão e fez o sinal da cruz dezenas de vezes.
“É um milagre, um milagre!” exclamou, atordoado. Por fim, pareceu se lembrar de qual era o protocolo nestas situações, mandou que rufassem as cornetas e soprassem os tambores, ou algo parecido, e puxou uma alavanca, que derramou sobre o quarto milhares de pétalas de rosas (que já estavam secas, o que foi relativamente deprimente, mas valeu a tentativa).
Adrian e Ludmila saíram desfilando pelo castelo e foram levados com grande pompa por uma procissão marchante logo atrás até o povoado. Lá, as pessoas também não pareciam acreditar no que estava acontecendo. Príncipe Adrian, com sua princesa montada logo à frente no cavalo, lembrou o estalajadeiro de sua aposta, e ele rapidamente preparou a sua carruagem, com dois “alazões” brancos (eram um pouco melhores que burricos, e de um cinza claro, mas tudo bem, era melhor do que cavalgarem assim de volta por 15 dias) e, acomodados como podiam, com o cavalo preso atrás da carruagem e um cocheiro na boleia, eles partiram de volta para o reino de Adrian.
Quando os dois já desapareciam no horizonte, o sol estava a pino. Todos se entreolharam.
“E agora?” disseram. “Não temos mais princesa adormecida. O que vamos fazer da nossa vida?”
“Já sabes o que fazer” disse o estalajadeiro, cofiando o bigode.
Quando já estava escuro demais para a carruagem prosseguir com segurança, eles pararam perto da estrada e montaram uma barraca para a princesa; o príncipe e o cocheiro, por sua vez, dormiram ao lado do fogo, sob o céu estrelado.
Porém, no meio da noite… Príncipe Adrian acordou com os gritos da princesa e imediatamente se pôs de pé; dois homens haviam rasgado sua barraca e já haviam entrado para tentar pegá-la; outro havia pegado o cocheiro, e um quarto vinha em sua direção com uma espada.
Príncipe Adrian era bom de briga; rapidamente puxou sua arma e, com uma série de golpes certeiros, derrubou o homem diante de si; em seguida, derrotou o homem que estava dando o golpe de misericórdia no cocheiro. Arremessou uma adaga e conseguiu derrubar um dos homens que estava na barraca, mas o outro já havia jogado a princesa sobre seu cavalo e montado para fugir.
Adrian correu para o seu cavalo e o esporeou com toda a força; correram pelas planícies, e, para sua sorte, seu cavalo não só era mais forte, como eles estavam mais leves. Quando emparelhou com o inimigo, ordenou que parasse e soltasse a princesa. Logicamente, o homem se recusou, cuspindo nele, e tentou acertá-lo com a espada. Adrian desviou bem a tempo e derrubou o inimigo da sela; em seguida, saltou de seu cavalo sobre o outro, para segurar suas rédeas e evitar que a princesa se machucasse.
“Ó, meu amor!” disse a princesa, abraçando-o. “Salvaste-me mais uma vez”.
“Precisamos voltar para meu reino o mais breve possível” ele disse. “Consegues cavalgar?”
“Claro”.
Príncipe Adrian pensava rápido; aquilo só poderia ter sido obra dos moradores daquele povoado, que precisavam da princesa para poder viver! Certamente tinham alguma bruxa morando lá, talvez a mesma que a tivesse aprisionado, e ela iria usar outro encantamento, para que a princesa ficasse lá por mais vários anos, mantendo o povoado próspero…
Ele amarrou o cadáver do inimigo no cavalo e eles voltaram para o acampamento, onde ele preparou uma cena para assustar os seus caçadores.
“Eu sugeriria que não olhasses enquanto arrumo estas coisas” disse.
A princesa se virou.
Príncipe Adrian rapidamente trocou de roupa com um dos inimigos. Em seguida, arrancou-lhe a cabeça, para que não soubessem quem era, e a enterrou a alguns metros dali. Por fim, deixou um pedaço rasgado do vestido da princesa no chão, soltou os burricos e virou a carruagem.
“Se mandarem uma equipe de busca, acharão que fui morto” disse ele. “E que foste sequestrada por um deles, que debandou do grupo levando nosso cavalo. Agora, vamos fugir da estrada principal”.
Para fingir os rastros, ele fez com que a princesa montasse com ele em um cavalo só, o do ladrão, e levaram pela rédea o seu próprio cavalo. Fugiu para o sul, para longe da estrada e, quando já haviam cavalgado por metade da noite, fez com que os cavalos parassem.
“Precisamos encobrir nosso rastro” disse.
Cada um montou um cavalo, e eles avançaram lentamente por quase uma légua apagando seus rastros, seguindo em uma direção totalmente diferente. Com os cavalos descansados e guiados apenas pelas estrelas, por fim, príncipe Adrian achou que estavam seguros, e foram para o leste a toda velocidade.
“Logo encontraremos a estrada novamente. Vamos cruzá-la para o outro lado e continuar desviando” ele disse.
Depois de dez longos dias, os dois afinal chegaram ao reino, onde foram recebidos com festa pelo rei.
“Ó, mas que bela princesa!” disse o rei. “Preciso falar logo com seu pai, para vermos a respeito do casamento!”
Princesa Ludmila foi toda sorriso.
O casamento tomou lugar não muito tempo depois. A mãe de Ludmilla, a rainha, havia sido contactada, uma vez que seu marido havia morrido já havia muito, e o irmão viera para representá-los no casamento e trazer o dote da princesa. Satisfeito, o rei pôde morrer em paz pouco tempo depois, e Adrian se tornou rei.
A rainha Ludmila, porém, ficou um pouco arredia após a morte do sogro; Adrian acreditava que se devia ao fato de estar havia tanto tempo longe de sua mãe, além das preocupações naturais ao seu cargo. Ela vivia escrevendo cartas, que, imaginava ele, deveriam ser destinadas à sua amada família, tão distante de lá.
Contudo, certo dia, uma horda de cavaleiros chegou fazendo balbúrdia no palácio; um homem, portando um rolo de pergaminho, parou diante do rei e abriu para ler, enquanto dois cavaleiros apontavam suas armas.
“Rei Adrian, o senhor está preso em nome da lei”.
“O quê?” ele perguntou, indignado. “Sob qual acusação?”
“Estupro de incapaz. Cárcere privado. Formação de quadrilha. Homicídio triplamente qualificado. Parricídio… E uma série de outros crimes menos relevantes”.
“Mas, como…? Guardas!”
“Devo dizer que resistir à prisão apenas tornará a sua pena ainda mais grave. Obstrução à justiça, agressão de oficiais da lei…” ele prosseguiu, lambendo a pena para anotar tudo.
Por fim, achando que era tudo um mal entendido, Adrian achou melhor se entregar, o que se mostrou um grande erro. Trancafiado na prisão de seu próprio reino, seu advogado foi visitá-lo.
“Tive acesso aos laudos do processo, vossa majestade” ele disse. “A coisa está feia”.
“Mas o que aconteceu? Quem está me acusando?”
“Isto é o mais grave. É a rainha!”
Adrian arregalou os olhos. A rainha? Sua própria esposa? Mas, como?
“Ela afirma que o fato de tê-la beijado sem o seu consentimento pode ser considerado como estupro de vulnerável, uma vez que ela não podia se defender, adormecida como estava”.
“Mas eu quebrei o encantamento com um beijo do amor verdadeiro!”
“Vai ser difícil fazer o juri acreditar nisso, vossa majestade. Com todo o respeito. Eles estão cada vez mais feministas e menos crentes em magia”.
“Minha própria esposa…”
“Ela também refere que vem sendo mantida em cativeiro, que foi obrigada a se casar com vossa majestade e vos dar um dote, acusa de terdes assassinado friamente os homens que tentaram salvá-la no ato de seu sequestro…”
“Absurdo! Eles iriam matá-la! Ou pior, deixá-la trancada naquele castelo por anos intermináveis!”
“E também vos acusa de terdes assassinado vosso pai”.
“Mas ele morreu dormindo!”
“Não é o que diz o laudo do legista nos autos do processo. Aqui diz que foi envenenamento”.
“Oh, meu Deus! Que desgraça!”
“E não é só isso. Ela tem uma advogada para representá-la que, eu devo dizer, deu-me calafrios. E está fazendo a maior comoção popular! Está ouvindo este barulho? São pessoas protestando de frente à prisão, revoltadas com os crimes que vossa majestade cometestes”.
“Eu não cometi crime algum!”
“De fato, de fato” ele respondeu, mas, em verdade, não pareceu nem um pouco convencido. “Mas a advogada dela propôs um acordo. Retirará todas as queixas, se vossa majestade deixar o trono, desaparecer deste reino e nunca mais voltar”.
“E o que lhe parece, caro advogado?”
“Acho que é melhor isso… Do que a forca, não?”
No dia seguinte, os dois se encontraram em uma audiência; a rainha Ludmila com sua advogada, cujos olhos hipnotizantes pareciam drenar todas as suas forças; do outro, o pobre rei deposto, com seu advogado, que parecia mais um cachorrinho obedecendo às ordens da mulher.
Contratos foram assinados. Tudo foi acertado. Ao rei, restou um cavalo, uma sela, duas trocas de roupas e comida o suficiente para chegar ao condado mais próximo, a cinco dias de viagem de lá.
“E quem reinará em meu lugar?” indagou ele.
“Chegou a hora de uma rainha reinar. Para que precisamos de um homem?” questionou a advogada.
Ele se sentiu realmente inútil diante daquela pergunta, levantou-se e seguiu para a porta, macambúzio. Dirigiu um último olhar para a mulher que tanto havia amado.
“Isto quer dizer então, Ludmila, que nunca me amaste?”
Ela o encarou friamente.
“Nunca. Da mesma forma como nunca te pedi que me resgatasses daquele castelo”.
Fazia parte do acordo que o rei deposto não seria agredido no caminho, porém um ou outro manifestante conseguiu, não sem a leniência de um dos guardas reais, arremessar um tomate podre contra o rei.
Ainda bem que possuía mais duas trocas de roupa…
Adrian, o rei deposto, seguiu até o condado mais próximo; ainda portava as joias reais e um pouco de ouro em sua bolsa, que o advogado havia confidencialmente lhe dado, de forma que conseguiu passar a noite e providenciar comida para seguir em frente. Decidira no caminho que iria de volta ao povoado onde havia pernoitado antes de resgatar a princesa, onde tudo aquilo havia começado.
E qual não foi a sua surpresa quando descobriu que tudo continuava como antes; ainda havia a mesma hospedaria da Bela Adormecida, com os mesmos pacotes, e a mesma história de que havia uma bela donzela à espera de seu príncipe encantado lá.
“Mas, diz-me uma coisa, estalajadeiro” ele falou; para sua sorte, estava tão sujo, e com roupas tão maltrapilhas, que ele não o reconheceu. “Falaram-me que uma dita princesa Ludmila foi resgatada deste castelo não muito tempo atrás”.
“Mentira!” exclamou ele. “A princesa que está lá até hoje chama-se Sophia! E já faz ao menos três anos que aguarda seu príncipe encantado. Aliás, por que não tentas? Não és nenhum príncipe, porém pode ser que hoje seja dia de um plebeu!”
“Não, obrigado” ele respondeu e saiu da hospedaria, procurando algum lugar para passar a noite.
Para sua sorte, havia outra hospedaria, o Bardo Bêbado, que serviria bem a este fim: camas de qualidade e limpeza duvidosas, bebida barata (e ruim), e nenhum conhecido para lhe perturbar.
Ao menos, era o que imaginava.
“Ora, eu conheço vossa majestade!” exclamou um homem, puxando uma caneca e sentando-se ao seu lado. “Príncipe, ou melhor, rei Adrian!”.
“Príncipe Christian?” indagou ele, surpreso.
“Exato. Ou melhor, Rei Deposto Christian”.
“Mas o que aconteceu?”
Christian contou-lhe uma história surpreendentemente muito parecida com a sua.
“E aquela mulher, a sua advogada, é Morgana!”
“A bruxa?”
“Ela mesma!”
“Oh, meu Deus…”
Os dois beberam longos goles.
“O que nos resta agora?”
“Bom, Adrian, pode parecer loucura, mas… Bem, estou parado aqui neste lugar há tempo suficiente para estar louco… Mas estou pensando em armar uma revolução”.
“Uma revolução?”
“Sim. Porque nunca vamos conseguir mudar a ideia do feminismo que a Morgana vem incutindo nas cabeças das pessoas. Por outro lado… Nós podemos fazer com o que povo não queira mais reis”.
“Sem monarquia? Mas o que seria, então?”
“Uma coisa clássica. Greco Romana. Parlamentarismo!”
O rei deposto Adrian estreitou os olhos.
“Fala-me mais sobre teu plano…”
Gostaria de dizer que Adrian viveu feliz para sempre, mas não é verdade. Ele morreu alguns meses depois em uma briga de bar. Christian, por outro lado, seguiu com sua ideia de parlamentarismo e foi um dos que efetivamente colocaram a democracia em voga.
Quem viveu feliz mesmo, porém, foi a rainha Ludmila. Tendo seu ponto de vista finalmente reconhecido, mesmo que graças à ajuda de Morgana, ela reinou com sabedoria por todos os anos de sua longa vida e ajudou muitas outras princesas a lutarem por seus direitos, como a Branca de Neve e a Rapunzel. Contudo, era feminista tão ao extremo, que nunca se casou novamente, nem teve filhos; por isso mesmo, com sua morte, ironicamente abriu espaço para a implantação do parlamentarismo em seu reino.
E aquele pequeno povoado perto do castelo da Bela Adormecida? Permaneceu mais um quarto de século lucrando colocando princesas lá para serem resgatadas por príncipes incautos; e, quando a onda feminista-parlamentarista eclodiu por todos os lugares, eles se tornaram um patrimônio tombado da humanidade, servindo de museu a céu aberto para visitação por todos que tiverem interesse.
Ah, e a princesa Sophia? Bem, ela era muito fresca, ficou escolhendo tanto os príncipes que vinham salvá-la, que foi substituída dois anos depois (até porque era ruim para os negócios que ninguém nunca conseguisse salvar a princesa adormecida!) e acabou ficando para titia.
Nota do autor, outubro de 2021: mais um da coleção Contos de Fadas 2020! Que tal a Bela Adormecida repaginada? Pois é, hoje em dia, beijar uma mulher dormindo certamente não seria levado levianamente…
Mas, gosto demais dessa ideia de que era tudo um plano de uma rede de mulheres para dominar os reinos. É isso aí! Hora de elas darem a volta por cima!
O Dr. David sempre sonhou em ser médico e, especialmente, em cuidar de crianças. Formou-se em medicina pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e, após dois anos trabalhando como médico generalista, onde pôde atuar próximo a famílias pobres e conhecer suas dificuldades e os diversos problemas do sistema de saúde brasileiro, começou a residência em Ortopedia e Traumatologia pelo Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Leia mais