A pessoa que faz o cafezinho
Em qualquer empresa, não importa o seu tamanho, se é nacional ou internacional, com o que trabalha, se pessoas ou objetos; em qualquer empresa, existem alguns cargos que são de fundamental importância, que são pilares de estabilidade, portos-seguros em tempos de crise.
Muitos acham que são os cargos de chefia, mas não, é um grande erro achar isso. Geralmente, os cargos de chefia são os que mais causam instabilidades.
A estabilidade de uma empresa é fundamentada em um tripé, composto por:
1. A pessoa responsável por arrolar e realizar os pagamentos;
2. A pessoa responsável por trocar o papel dos banheiros; e
3. A pessoa responsável por fazer o cafezinho.
Dentre estas, a terceira é a mais importante. Afinal, não há nada mais mandatório do que chegar à sua empresa e ter um café fresco à disposição. Não dá para começar o dia sem pegar uma xícara de café.
O cafezinho não é somente um fator de saciedade de fome, sede e sono; não é só um fator de socialização; o cafezinho é um fator estabilizador. Em tempos de crise empresarial, quando as bolsas vão à loucura, pessoas pensam em se suicidar, chegar à sua empresa e ter um café pronto para ser tomado é tudo o que as pessoas precisam. Ter a certeza de que ele estará lá, dia após dia, é essencial para a sobrevivência de uma empresa, especialmente em tempos de crise. O mesmo vale para o pagamento e para o papel do banheiro, embora não de forma tão exuberante quanto o cafezinho.
Nas grandes quebras da bolsa em 1929 e 2008, as empresas com funcionários específicos para o cafezinho são as que sobreviveram. Ninguém fez este estudo, porque não precisou; é senso comum.
Muito mais profundo do que crises econômicas, a pessoa que faz o cafezinho é a que desfruta da maior confiança, dentre todos os funcionários dentro da empresa. Afinal de contas, todos estão confiando os seus estômagos não só à capacidade desta pessoa de fazer um bom café, como também ao seu senso crítico e, acima de tudo, à sua honestidade e idoneidade. Um fazedor de café com más intenções poderia muito bem acabar com qualquer um da empresa – até mesmo o presidente.
Além disso, esta pessoa também é a mais querida e esperada. Alguém pergunta se o chefe veio? Não, apenas se quiser saber se terá um dia tranquilo ou não. Agora, quanto ao fazedor de café… Basta ele faltar, e o caos se estabelece. Quem irá substitui-lo? E, sem ele, como as coisas voltarão aos eixos?
Súbito, um pensamento: e se o chefe se tornasse o responsável pelo café?
Paradoxal, sim.
Mas seria o chefe mais bem quisto do mundo. Nota do autor, outubro de 2021: pois é, de todos os lugares em que já trabalhei, quem faz o café sempre foi a pessoa mais importante! E você? Concorda?
O Dr. David sempre sonhou em ser médico e, especialmente, em cuidar de crianças. Formou-se em medicina pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e, após dois anos trabalhando como médico generalista, onde pôde atuar próximo a famílias pobres e conhecer suas dificuldades e os diversos problemas do sistema de saúde brasileiro, começou a residência em Ortopedia e Traumatologia pelo Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Leia mais